“A
antropologia acaba de ter uma grande perda. Nossa, de tanto falarmos dele,
parece até que eu o conhecia”.
Foi desta forma que
ontem, 14 de abril de 2012, recebi a notícia da morte de Gilberto Velho. Uma mensagem
de celular enviada por uma de minhas estudantes de iniciação científica. Ela está
no terceiro período do curso de pedagogia da UFRJ e teve, comigo, uma disciplina
de antropologia onde discutimos um dos textos clássicos do autor - “Observando o
familiar” - e falamos sobre a extensa e refinada obra de Gilberto Velho.
Ouso dizer que todos os
antropólogos brasileiros que tiveram, nas últimas quatro décadas, algum interesse
pela antropologia urbana, leram, discutiram ou foram formados por Gilberto Velho.
Trata-se de uma quase onipresença neste campo de estudos que foi, inclusive, progressivamente
revigorado pelo esforço do autor na formação de especialistas. Isso sem contar
com as contribuições que ele ofereceu para a internacionalização da
antropologia brasileira. Dialogou com pesquisadores sobre o Brasil e outros temas, incentivou estudantes para que fossem estudar em
universidades estrangeiras e recebeu os estudantes estrangeiros no Museu Nacional de Antropologia.
A comunidade
antropológica do Brasil prestará muitas e devidas homenagens ao autor. Eu quis
registrar esta, feita de maneira singela por uma jovem estudante que envia uma
mensagem para o professor que a apresentou ao texto do Gilberto Velho e a fez
pensar e sentir como se conhecesse o próprio Gilberto Velho.
O título da postagem
expressa o que penso sobre este fenômeno. Gilberto velho morreu, mas está
vivíssimo em todos os pesquisadores que ele formou. Ele também renasce em cada
estudante de antropologia, ciências sociais, pedagogia... que lê seus textos e
descobre, com certo fascínio, que é possível fazer uma boa antropologia quando
se descobre que os outros podem estar muito próximos fisicamente, mas não
deixam de ser outros, e bem outros.
Viva Gilberto Velho!!!