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Eu adoro tomate sweet grape.
Esse tipo é especial porque me remete a memórias deliciosas da minha infância. Minha
avó gostava de ter uma horta. Ela plantava couve, jiló, mandioca e tudo o mais
que dava na telha. As verduras, principalmente, ficavam ali, fresquinhas, e ela
colhia de acordo com a vontade de comê-las. Essa tradição é muito comum no
interior das Minas Gerais. Boa parte do almoço fica ali no quintal da casa, e o
cardápio é definido de acordo com o que está disponível no momento e com a
vontade de comer.
Eu me lembro nitidamente
do quintal da minha avó. Já se passaram 30 anos desde que o vi pela última vez.
Foi um momento muito triste, em que ela era velada na sala de estar da casa.
Pois é. Naquela época os mortos eram velados em casa e foi assim que me despedi
da minha avó e de todo o mundo que ela construiu na sua casinha na beira do
rio. Depois disso, voltei à casa somente uma vez, mas já não era a casa dela.
Era um imóvel, já ocupado por outra família. Todo o universo simbólico que
envolvia aquela propriedade foi-se junto com minha avó.
Mas o que tudo isso tem
a ver com tomate? Certa vez, eu era bem pequenininho, provavelmente tinha uns
10 anos de idade; saí de Petrópolis com minha família e fomos visitar a minha
avó. Assim que ela abriu o portão, eu pulei em cima dela e dei de cara com um
pé de sweep grape repleto de tomatinhos já maduros. Foi um encantamento só. Ela
percebeu e disse algo do tipo: “é para você, meu filho, estava te esperando pra
gente colher”. Corri imediatamente para os tomates, colhi todos e comi boa
parte deles ali mesmo, enquanto meus pais morriam de rir com aquela euforia de
criança.
Essa história resume três
das coisas mais importantes que minha avó ensinou para mim e para minha mãe: afeto,
cuidado e paciência. Ela tinha calculado o tempo necessário para plantar e ver
crescer os tomates de forma que eu chegasse na hora certa de colhê-los. As quantidades
de afeto, cuidado e paciência presentes nessa atitude são incomensuráveis, e eu
adoraria dizer a ela o quanto me marcou. Infelizmente ela se foi e não vai
saber disso. Hoje eu posso apenas lembrar essa história. Talvez minha mãe se
lembre, talvez não. Não sei. É uma história do amor que a mãe dela sentia por
mim. Um amor tão incondicional quanto o que ela guarda por mim, por meus irmãos
e meus sobrinhos.
É impossível para um
filho entender o que é ser mãe. Só as mães sabem e acho bem bom que fique como
um segredo delas. Mas aquele menino que colhia tomatinhos plantados e cuidados
para ele tinha certeza de que ali ele era a pessoa mais importante do mundo.
Foi isso que minha avó e minha mãe fizeram por mim, e nunca pediram
absolutamente nada em troca.
Muito obrigado, minha
mãe. Muito obrigado, minha avó. O amor que está em mim é o que veio de vocês.