Os Natais de minha infância não foram, exatamente, os mais
interessantes. Juntar, em uma mesma festa, vários membros dispersos de uma família italiana [do meu pai] não poderia mesmo dar muito certo. Era uma confusão só. Eu só gostava quando minha
mãe fugia da festa e seguia para a cidadezinha de minha avó – um minúsculo
município do interior de Minas Gerais onde eu tomava banho de rio, comia os
peixes do mesmo rio e me divertia com os causos contados pelos mineiros mais
velhos.
O sucesso do natal era mesmo minha avó. Hoje sei que ela
nem era tão velha, mas na época eu achava que ela era velhíssima; a mais velha
das velhas. Por isso, achava o máximo quando ela corria atrás de mim, me levava
para pescar, fazer compras, me ensinava como utilizar o tradicional fogão
movido à lenha e a “pescar” água no rio para lavar o quintal. Não entendia como
uma mulher tão velha conseguia fazer todas aquelas coisas, mas mesmo assim eu
adorava.
Minha avó morreu após o meu décimo segundo aniversário. Depois
disso, na adolescência, passei a achar o natal um saco. O radicalismo juvenil
me fazia ver o Natal como uma festa burguesa, desigual, chata, falsa, careta,
hipócrita... coisas da adolescência. O fato é que o natal me deixava triste e
eu não sabia exatamente por quais motivos. Essa fase durou pouco. Logo, logo, passei a gostar dos Natais organizados pelos meus tios e tias mineiros.
Depois... fiquei velho. Ainda não virei o mais velho dos
velhos (por enquanto! Embora desconfie que meus dois pequenos sobrinhos me vejam
assim. Tio Rodrigo é um homem grande e velho!). Atualmente, na minha condição
de Velho, adoro o Natal. Faço uma festa e tanto, com comida, bebida,
presentes... tudo bem careta. Isso tudo é muito bom, mas o melhor é saber que
nossos familiares e amigos são nossos familiares
e nossos amigos. É para isso que
serve o Natal.
Termino esta postagem com a mesma mensagem que enviei aos
meus alunos. No natal, "cantem sua música, dancem sua dança, contem sua
história [até aqui é do McCourt], [daqui para frente é meu mesmo] amem
seus amores, comam suas comidas, vivam com seus amigos e continuem aprendendo o
que quiserem aprender [esse finalzinho para os alunos era bem diferente].
Abraços Natalinos para todos.