Eu acompanho o funk
carioca faz muitos anos e acho os funkeiros e as funkeiras fantásticos. É impossível
classificá-los como um movimento porque são muito plurais e divergem
radicalmente em suas abordagens e propostas. No entanto, do funk melody comportadinho ao batidão ultra sensualizado, cada qual
com suas questões, meninos e meninas das periferias conquistaram um lugar na cena
cultural carioca, depois na cena Brasileira e mundial. Esse reconhecimento,
embora eu não seja chegado a afirmações categóricas, parece-me inegável! Os funkeiros
entraram nas disputas pela definição da estética hegemônica e não apenas
garantiram seu lugar como converteram-se em formadores de tendências.
Hoje recebi dezenas de
mensagens em meus grupos de whatsapp sobre o novo clip da Anitta. Eu não
acompanho diretamente a carreira dela, mas também é inegável que a menina faz
sucesso e cria uma série de polêmicas. Achei esse debate tão bom que fiz
inclusive uma enquete com meus alunos, sobre suas impressões relacionadas ao
clip. Surgiu de tudo nos grupos de conversa e na enquete. Classificações
pejorativas como vulgar, apelativo, brega, racista, estereotipado, conviveram com
comentários relacionados à beleza dos corpos e à inteligência da cantora e de
seus empresários.
Há também uma oposição
que orientou esse debate. Havia aqueles que viam o clip (e a bunda da Anitta)
como um espaço de objetificação do corpo da mulher e uma reverência ao machismo
tradicional brasileiro. Outros, no entanto, argumentaram que a Anitta era dona
de seu corpo (e de sua bunda). Estava, portanto, empoderada e defendendo o
lugar das mulheres senhoras de si mesmas. Em vários momentos as falas da
cantora contra o machismo, realizadas em shows e entrevistas, foram citadas
para defender uma ou outra posição, e essas reflexões foram feitas por homens e
mulheres, com diferentes identidades sexuais.
Empoderamento feminino
ou objetificação do corpo da mulher? Depende da leitura que se faz e das
disputas que as leituras carregam. Anitta jogou a dúvida para o mundo e nesse
ponto ela é absolutamente genial, ou... Malandra.
Vai, Malandra...
É interessante ver como esse clip chega
no exterior também. Há uma menina Holandesa chamada Nienke, que ficou famosa no
youtube por experimentar coisas e refletir sobre questões brasileiras. Ela
assistiu ao clip da Anitta e reagiu. Achei hilário. Não vou comentar. Quem
quiser ver, verá em: