O título da postagem é igual ao que utilizei em um
artigo recém-publicado. A afirmação foi feita por uma professora que ocupava um
cargo de confiança na Secretaria Municipal de Educação. Eu estava em pleno
trabalho de campo para minha tese de doutorado e acabara de receber um convite
para a realização de uma palestra em um curso de formação para professores da
rede municipal de educação da cidade do Rio de Janeiro.
A professora estava preocupada com minha
participação. Ela disse que nunca tinha trabalhado com antropólogos e estava
acostumada com psicólogos e pedagogos. Lembro que o telefonema fez com que eu
me sentisse como um bicho estranho e até mesmo indesejável. Logo em seguida ela
disse que só estava telefonando porque se tratava de uma indicação de JP, um de
meus principais informantes à época.
Nossa conversa também proporcionou outras questões.
Eu era pesquisador e ela queria um palestrante, eu desejava mapear a
perspectiva dos “nativos” e ela queria que eu construísse essa perspectiva. Em
resumo: na ausência de uma definição mais clara sobre o que é um antropólogo,
um antropólogo poderia ser qualquer coisa. O artigo está na revista
Pró-Posições, da UNICAMP, disponível em http://www.scielo.br/pdf/pp/v24n2/v24n2a04.pdf e
explora todos os detalhes dessa convivência repleta de sentidos que nos
acostumamos a chamar de trabalho de campo.
A publicação do artigo foi
possível graças ao gentil convite da antropóloga Neusa Gusmão. Ela estava
organizando um dossiê sobre antropologia e educação e desejava colocar
antropólogos interessados no assunto em diálogo. Além do meu artigo e da
apresentação feita pela organizadora, o dossiê conta com contribuições dos
antropólogos Amurabi de Oliveira (UFAL), Gilmar
Rocha (UFF), Adriana Russi (UFF), Johnny Alvarez (UFF), Luís Donisete
Benzi Grupioni (Instituto IEPÉ), Laura Cerletti (Facultad de Filosofía y
Letras, UBA), Sandra Pereira Tosta (PUC-Minas) e Ricardo Vieira (CIID-IPLeiria
e ESECS-IPLeiria, Portugal).
É muito interessante observar a
composição do dossiê e perceber como temas diversos dialogam entre si. A batuta
da antropóloga Neusa Gusmão foi fundamental para a criação dessa polifonia
sobre antropologia e educação no Brasil.
Todos os artigos estão disponíveis no site da
revista (http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/edicoes/sumario70.html) e diretamente na biblioteca Scielo (http://www.scielo.br).
Embora a afirmação que segue seja absolutamente
interessada, lá vai:
Tenham uma boa leitura!