Atualmente está na moda
descer o malho no PT e em seu maior representante, Luiz Inácio Lula da Silva: o
Lula. Parece bastante óbvio que muitas questões relacionadas aos desmandos da
Petrobras, aos financiamentos de campanhas, entre outras, ainda precisam ser
melhor esclarecidas. Porém, a mim também parece óbvio que, como dizia minha
avó: “não se deve jogar a criança fora junto com a água da bacia”.
Faz pouco tempo que eu
estava conversando com um amigo de infância que era fã do Lula desde
pequenininho e agora tornou-se inimigo declarado. Aliás, agora também pega
super bem ser o inimigo numero 1 do Lula. Ele disse, no meio da conversa, uma
série de impropérios sobre o Lula, o PT, o Governo, o Bolsa Família, o FIES, o
PROUNI, o REUNI, o PRONATEC e lá se foi o papo. Eu preferi deixar para lá.
Afinal, bons amigos às vezes deixam a língua correr solta e falam uma série de
besteiras sem apresentar nenhum dado.
Ocorre que durante a
conversa eu lembrei de um fato interessante. Eu estava em João Pessoa, em uma
Van que levava pessoas para os principais pontos turísticos da cidade. De
repente entrou uma família inteira. Percebi de imediato que tratava-se de uma
família porque todos chamavam uns aos outros pelo grau de parentesco (tia segura
isso... tio pega aquilo, prima senta aqui...). Fiquei curioso com aquela
família e nem precisei perguntar nada porque após 10 minutos de viagem o
patriarca puxou papo e começou a contar a história daquela viagem.
Ele disse que a família
inteira planejou a viagem em conjunto. Todos os homens trabalhavam no ramo da
construção civil – pedreiros, serventes, marceneiros, etc. As mulheres eram
faxineiras, costureiras... Nunca tinham viajado, mas agora - estávamos em 2012 –
eles podiam deixar de trabalhar durante 15 dias e viajar para o lugar que
desejassem. Perguntei se ele estava gostando do lugar e a resposta veio com um
sorriso. Disse-me que estava adorando porque o lugar era bonito e ele finalmente
poderia disputar com outro parente.
O tal parente tinha um
sapato que já tinha voado. Depois de ter viajado de avião pela primeira vez,
seu parente guardou o sapato sem limpar. Ele disse que o sapato ficava em um
saco plástico, na estante de casa. Toda vez que acontecia uma reunião familiar,
ele provocava os visitantes apresentando o sapato e dizendo: “esse aqui já
voou. Você tem um desses para mostrar”. Meu simpático interlocutor estava muito
contente porque agora não mais ficaria calado com a brincadeira de seu parente.
Ele também iria guardar o sapato com que voou de Minas Gerais para a Paraíba e
mostrar para todo mundo nas festas.
Contei essa história
para meu amigo vociferante e disse que não devemos esquecer que o Lula – e as
políticas inclusivas do PT - colocaram muitos sapatos para voar por ai.
Minha sábia avó diria:
não joguemos a criança fora junto com a água da bacia. De minha parte, quero
continuar encontrando com os pobres que enchem os aviões e guardam seus sapatos
como recordação. Acredito que meu gentil interlocutor não tenha virado inimigo
do Lula e do PT.