Quem sou eu

Minha foto
Sou um antropólogo brasileiro especializado em temas educacionais. Meus trabalhos focalizam as relações existentes entre a educação escolar e outras esferas da vida social. Atualmente, desenvolvo pesquisas sobre estratégias familiares e projetos de escolarização nas camadas populares das cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis, ambas no Brasil. A abordagem inclui reflexões sobre a educação básica e o ensino superior. O debate sobre a construção social das juventudes é privilegiado porque permite interpretações refinadas sobre as relações entre educação escolar e expectativas de futuro. Trabalho no Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ onde ensino antropologia e sociologia da educação, além de orientar estudantes interessados no debate entre ciências sociais e educação.

terça-feira, 29 de julho de 2014

A política e a bunda coletiva

Hoje compartilhei um vídeo postado por um amigo de facebook. Nele, o comediante Marcelo Adnet faz uma caricatura do famoso ritual de corpo-a-corpo na política. Aquele que os políticos realizam às vésperas das eleições. Saem à rua, beijam idosos e crianças, comem pratos populares e vendem a imagem de renovação na política, mesmo que estejam no poder por longos anos.

Não escrevi nada além de “o mais curioso é que a gente acha graça”. Rapidamente tive algumas curtidas, partilhas e comentários. Foi sensacional perceber que todos entenderam a crítica presente no vídeo, riram por conta da qualidade do trabalho do humorista e, de certa forma, corroboraram com a percepção de que a política feita por aqui é assim mesmo.

Quando Gonzaguinha lançou “É” ele dizia que “a gente não tem cara de panaca. A gente não tem jeito de babaca. A gente não está com a bunda exposta na janela prá passar mão nela”. Sempre fui fã dele e achava o máximo imaginar o que seria uma bunda exposta na janela para todo mundo passar a mão nela. Afinal, como diz o Roberto da Matta, a bunda na cultura brasileira é sagrada e envolve uma série de sacralidades. Se o sujeito é homem, e orientado pelas regras da masculinidade tradicional, não pode deixar que ninguém passe a mão na bunda dele. Se ele tem mulher, ninguém pode olhar a bunda dela. Se ele não é orientado pela masculinidade tradicional, não vai deixar qualquer um passar a mão na bunda dele [só aqueles que ele escolher] e também não vai gostar que olhem para a bunda do homem dele.

Por outro lado, se o sujeito é mulher, e gosta de carinhos na bunda, tem que controlar quem passa a mão na sua bunda. Afinal, se deixar por conta da massa, todo mundo acaba tirando uma casquinha e a bunda, convenhamos, não é para todos. Só para aqueles que têm direto a ela, um tipo de direito definido por aquele que é dono da bunda, nesse caso tanto faz se é homem ou mulher. Afinal, a bunda é algo que nos une porque todo mundo têm e precisa decidir o que fazer com ela.

A metáfora do Gonzaguinha é muito interessante porque estar com a bunda exposta na janela e disponível para quem quisesse passar a mão seria um exemplo de subserviência e submissão. Ele dizia que não aceitávamos isso porque “a gente quer viver uma nação, a gente quer é ser um cidadão”. Temos aí duas coisas complicadas de ser no Brasil. Ser nação e cidadão por aqui depende, dentre outras coisas, da existência de representantes que façam valer os direitos coletivos, do Estado Democrático, do sistema republicano, entre outras questões.

É nesse ponto que eu volto ao Adnet e sua caricatura. Usando uma estratégia malinowskiana, proponho um “imagine-se”. Imagine-se como um cidadão brasileiro, cheio de vontade de construir uma nação, querendo compartilhar a liberdade e a felicidade que nos torna humanos com todos os outros cidadãos e... representado por um político como o caricaturado no vídeo. Sinceramente, isso é no mínimo incongruente.

Se o país é um coletivo e pode ser pensado como uma grande bunda, nosso problema é que é muito difícil controlar uma bunda coletiva, aquela que os políticos caricaturados no vídeo gostam de passar a mão no escurinho, sem avisar a ninguém. A bunda individual é mais fácil de controlar, mas ela acaba recebendo uma mãozada abusada, mesmo sem querer. Pensando na lógica do possível e nas eleições que se aproximam, se a bunda coletiva sempre está exposta na janela, vale a pena buscar individualmente aqueles que não gostem tanto de passar a mão nela. Será que eles existem?

domingo, 13 de julho de 2014

Avaliações externas de aprendizagem em foco - segunda turma de 2014

Pessoal, novamente abro espaço aqui no Blog para o lançamento do Edital de Seleção para Curso sobre Compreensão e Uso de Indicadores Educacionais, segunda turma de 2014. Eu faço parte da equipe que oferecerá o curso. As edições anteriores foram muito bem avaliadas pelos gestores que participaram. Em sequência, segue o edital completo.

EDITAL DE SELEÇÃO PARA CURSO: COMPREENSÃO E USO DE INDICADORES EDUCACIONAIS

A equipe integrante do Observatório Educação e Cidade, composta por professores e estudantes da UFRJ, PUC-Rio e UERJ, formada no âmbito do Programa Observatório da Educação, financiado pela CAPES/MEC faz saber que estará selecionando candidatos para participarem da quarta turma do curso referido no título deste edital.
Objetivo do curso: proporcionar aos integrantes de equipes de gestão escolar de redes públicas de ensino fundamental a aquisição de conhecimentos técnicos sobre os sistemas de informação educacional brasileiros, seus possíveis usos e perspectivas.

I- Perfil dos candidatos
Serão aceitas as inscrições de gestores em atividade nas redes municipais de educação da cidade do Rio de Janeiro ou da cidade de Duque de Caxias, de acordo com o seguinte perfil:
- Ser gestor da rede municipal, em escolas de primeiro ou de segundo segmento, em efetivo exercício de suas atividades profissionais. Diretores gerais, diretores adjuntos, orientadores educacionais e coordenadores pedagógicos poderão participar. 
- Ter disponibilidade de 12 horas semanais para dedicação ao curso (quatro horas em sala de aula e oito horas de atividades orientadas).
- Ter as noites de quinta-feira (das 18h às 21h) disponíveis para participação nos encontros no curso.

II – Quantidade e tipos de vagas
Serão selecionados 15 gestores.

II- Atividades previstas para os bolsistas
- Participação em “Curso de formação para compreensão e uso de indicadores educacionais” produzidos pelos sistemas nacional e local de informações educacionais, inclusive as avaliações externas de aprendizagem.

IV – Valor e período da bolsa
- Cada bolsista receberá, mensalmente, R$765,00 (setecentos e sessenta e cinco reais), depositados em sua conta bancária. O pagamento será feito diretamente pela CAPES/MEC.
- Cada bolsista receberá a bolsa durante 03 (três) meses, a partir de setembro de 2014. O curso terá início em 14 de agosto de 2014 e será encerrado em 13 de novembro de 2014.
- O pagamento da bolsa não configura qualquer tipo de vínculo empregatício.

 V – Procedimentos para a inscrição

- Os candidatos devem enviar o formulário de inscrição (anexo I do Edital) e uma carta de intenções para o e-mail: observatorioeducacaoecidade@gmail.com
- No assunto, os candidatos devem escrever: SELEÇÃO – OBSERVATÓRIO EDUCAÇÃO E CIDADE.
- Os formulários de inscrição (anexo I do Edital) não devem conter fotografias dos candidatos. Devem conter informações sobre: idade, formação acadêmica, tempo de experiência, tempo de serviço na rede, CRE em que trabalha, escola(as) em que trabalha, função exercida, tempo na gestão, regime de trabalho e horas semanais trabalhadas. (Veja anexo I)
- As cartas de intenções devem ter, no máximo, 30 linhas. Nelas, os candidatos devem explicar os motivos que os levaram a desejar participar do curso.
- A confirmação da inscrição será feita por e-mail no qual o candidato receberá seu número de inscrição.
- O prazo final para o envio das inscrições é o dia 31/07/2014. Nenhuma inscrição será aceita após esta data.

VI – Procedimentos de seleção.
- Os currículos serão selecionados de acordo com o item I deste edital.

VII – Divulgação dos resultados
- Os resultados serão divulgados no dia 07/08/2014.
- A divulgação será feita pelo número de inscrição.
- Os resultados estarão disponíveis no blog do Observatório da Educação: http://observatorioeduc.blogspot.com/

- Os candidatos que não forem selecionados não terão direito a recurso.

VIII – convocação dos candidatos selecionados
- Os candidatos selecionados serão convocados no dia 08/08/2014, para início das atividades em 14/08/2014.
- Os candidatos selecionados assumirão o compromisso de participar de todas as atividades do curso. Serão toleradas, no máximo, duas faltas. A terceira falta fará com que o gestor seja automaticamente desligado do curso.

  
ANEXO 1 – FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO



FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO
NOME:
IDADE:
FORMAÇÃO ACADÊMICA:
GRADUAÇÃO:
MESTRADO:
DOUTORADO:
TEMPO DE SERVIÇO NA REDE:
CRE EM QUE TRABALHA:
ESCOLA(AS) EM QUE TRABALHA:
FUNÇÃO EXERCIDA:
TEMPO DE TRABALHO NA GESTÃO:
REGIME DE TRABALHO DA REDE:
HORAS SEMANAIS TRABALHADAS:

CARTA DE INTENÇÕES


30 linhas no máximo